O ecossistema de inovação na América Latina tem demonstrado um crescimento acelerado e um salto no número de unicórnios – as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão que ainda não abriram seu capital – nos últimos anos.
Até 2017, a região tinha somente dois unicórnios: as argentinas Mercado Livre e Decolar. Entretanto, a injeção de investimentos estrangeiros de lá para cá, combinado aos avanços regulatórios que facilitaram também os aportes domésticos, proporcionaram o aquecimento do ecossistema e a criação dessas startups bilionárias. Hoje, já são 34 delas na América Latina.
O Subchefe da Divisão de Promoção Tecnológica I do Ministério das Relações Exteriores, Leonardo Santana, bateu um papo com o Blog StartOut para oferecer suas perspectivas sobre o tema.
Inovação e produtividade
Segundo o diplomata, a agenda de inovação está intimamente ligada à de produtividade. “Quando falamos sobre a demanda de tecnologia e o que investidores e o público consumidor procuram, vemos que é necessário primeiro cuidar dos fundamentos. Ou seja, é preciso ter estrutura regulatória, formação de profissionais capacitados e infraestrutura suficiente para que os avanços tecnológicos ocorram.”
Observando tendências, Santana destaca alguns setores mais suscetíveis ao crescimento acelerado de startups. Segundo ele, são normalmente aqueles segmentos que já estão desenvolvidos e podem “transbordar” seu serviço para o espaço digital. Como exemplos, ele oferece o financeiro, imobiliário, varejo e de saúde.
Conexão de um imenso público
A grande chave é a conexão. “As startups conseguem se aproveitar da capacidade desses mercados para escalar suas ideias. O que elas fazem é criar uma plataforma digital para conectar um público imenso de consumidores a um serviço que anteriormente era fragmentado. Sempre existiram grandes empresas, mas não havia como coordenar tantas transações ao mesmo tempo. Com os sistemas tecnológicos, é possível trazer tudo isso à palma da mão do usuário”, diz Santana.
Saber vender as ideias é fundamental
O profissional também pontua que unicórnios são fundados por pessoas com grande capacidade de realização de trabalho e convencimento. Segundo ele, é imprescindível que os empreendedores saibam vender suas ideias a investidores, mas eles também precisam entregar bons resultados para chegar ao patamar que procuram.
Por fim, o diplomata explica qual a importância de se acompanhar o número de unicórnios no Brasil e América Latina. “Nós, como seres humanos, nos atraímos por grandes feitos. O público não vai analisar relatórios financeiros das empresas e, principalmente, os jovens que estão pensando em quais carreiras investirão seus futuros. Por isso, é muito importante que a imprensa divulgue quando empresas de tecnologia alcançam esse marco. Queremos atrair o interesse das pessoas neste tema para formar cada vez mais profissionais e fazer com que nosso ecossistema cresça continuamente para o futuro”, conclui.