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Negócios de impacto socioambiental que ousaram internacionalizar

O setor de impacto socioambiental é um dos mais promissores para internacionalização de negócios. Segundo estudo recente da Pipe Social, plataforma-vitrine de conexão entre negócios de impacto e investidores e fomentadores dentro do ecossistema de impacto, existem no Brasil 1002 negócios dessa vertical, não sendo apenas startups.

Isso indica que existe um oceano azul a ser desbravado por essas iniciativas e que há ainda mais espaço para além do mercado brasileiro. Para aproveitar essa oportunidade, contudo, é preciso estar atento a algumas adequações ao longo do processo para  internacionalizar uma startup na área socioambiental.

Idioma e pagamentos 

André Felipe Fraga, CEO da Eloverde, participou do Ciclo Bogotá-Medellín do StartOut Brasil em 2020. Trata-se de uma plataforma tecnológica para gestão ambiental que auxilia indústrias, consultorias ambientais e empresas de transporte e tratamento de resíduos a performar nos cuidados com o ambiente, tanto em termos financeiros, como também legais e ambientais. Segundo ele, um dos maiores desafios nesse processo são o idioma e as adequações para atender cada país especificamente.

“Uma das primeiras dificuldades é o idioma. Apesar de estarmos expandindo no mercado da América Latina, cada país tem suas idiossincrasias, que são terminologias específicas (assim como temos nas diferentes regiões do Brasil). A segunda, é como cobramos dos clientes. Tivemos que implantar uma ferramenta internacional e dolarizar nossa mensalidade da plataforma, pagando alguns impostos adicionais e ativando alguns serviços na nossa contabilidade no Brasil para ficarmos 100% corretos fiscalmente”, explica o empreendedor. 

Logística e burocracia

Já na visão de Rodrigo Holtermann Lagreca, CEO da HomeCarbon Energy Solutions (Ciclo Bogotá-Medellín), startup que desenvolve trabalhos de educação e comportamentos relacionados ao consumo de energia elétrica, os entraves burocráticos é que podem desmotivar um empreendedor de ampliar seu olhar para o horizonte. 

“Eu diria que as dificuldades não são estanques. Elas vêm em camadas e, a primeira e talvez mais difícil, é entender como operar a logística e burocracia de um processo de internacionalização. Essa dificuldade inicial é sucedida pela necessidade de mapear como funciona o mercado local para fins de realizar vendas, e bater se o go to market local equivale ao mercado desejado, quando o modelo impõe estratificação de serviços e canais. O mais importante é iniciar um processo que seja expandido e não corra o risco de ser interrompido”, complementa.

Mostrar a capacidade de valor

Apesar das dificuldades e desafios, o caminho a ser traçado até outros países apresenta inúmeros benefícios para uma empresa. Ainda segundo Rodrigo, além do esperado retorno financeiro com esse movimento, há também a possibilidade de agregar valor ao mercado.

“Quando se trata de uma startup, como é nosso caso, o impacto positivo é poder mostrar a possíveis investidores a capacidade de nosso valor, vendendo a mercados além do doméstico. Acredito que as empresas brasileiras sempre terão destaque no mercado internacional, dado o alto nível de criatividade do empreendedor brasileiro e nossa capacidade de resolver problemas. As startups brasileiras estão muito bem-posicionadas em áreas compreendidas pela transformação digital, e eu, particularmente, creio que após 2022, incluindo aí um esperado arrefecimento da pandemia, nossas empresas tenderão a ganhar mais competitividade e recuperarão um protagonismo no mercado internacional”, explica.

Atenção do mercado financeiro

Para Felipe Cardoso, CEO da EcoPanplas (Ciclo Boston 2019), empresa focada na reciclagem de embalagens plásticas contaminadas, o ponto crucial de benefício no processo de internacionalizar é que negócios que são da vertical de impacto socioambiental chamam a atenção por gerar valor econômico/financeiro, por meio da recuperação de matérias primas que podem voltar ao ciclo produtivo.

“Ser uma iniciativa de impacto ajuda muito, pois hoje o mercado procura por soluções desse setor, os investidores estão querendo que as empresas tenham projetos ESG (sigla em inglês que significa Governança Ambiental, Social e Corporativa) e como nosso projeto já está nesse momento de maturidade, acaba chamando bastante atenção de players internacionais”, relata.

Dicas para internacionalizar

Para quem deseja ingressar nesse mundo, Felipe dá algumas dicas sobre  internacionalização do seu negócio.

“Em todo esse processo, o primeiro passo é observar se o que você resolve aqui, ou seja, a dor que você resolve no seu país, realmente poderá ser resolvida em outros países. E, por fim, procure se inscrever e entrar no ecossistema de inovação oferecido por programas como o StartOut, porque é onde estão localizados os players, organizações, investidores, enfim, há toda uma rede já estruturada para ajudar, além das mentorias que são sempre ricas e dão essa estrutura de apoio, potencializando a qualidade e quantidade dos contatos”, finaliza.

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