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A procura internacional por economia circular

“Nossa relação com a embalagem é de três segundos, mas seu impacto é para sempre”, afirma Chicko Souza, CEO da GreenPlat, startup participante dos Ciclos Nova York e Santiago 2019 do StartOut Brasil. O profissional se empenha no trabalho com economia circular desde antes do termo ser cunhado no Brasil.

Chicko Souza, CEO da GreenPlat.

Economia circular se refere à concepção de um determinado produto “do berço ao berço”. Ou seja, do momento de sua criação até seu descarte, levando em conta a possibilidade de reutilização. A GreenPlat trabalha com a meta do “aterro zero”: quando nenhuma sobra de uma cadeia de produção é destinada ao aterro sanitário, e sim reutilizada ou reciclada. Seus produtos são pensados tanto para agentes públicos quanto privados, controlando as coletas por região e organizando melhor o processo. 

Esse é um objetivo ambicioso mas, segundo o empreendedor, plenamente possível de se atingir. Isso porque ele depende da consciência no momento da criação dos seus produtos e embalagens. “É preciso pensar não só no produto, mas no seu entorno. Qual o seu propósito e seu ciclo de vida? Vivemos em uma sociedade centrada no consumo, então precisamos acelerar a produção sustentável desses itens”, questiona Chicko.

Nascido em Portugal, o profissional assumiu a cidade de São Paulo como sua preferida no mundo – mesmo com uma ampla vivência em diversos lugares no globo. O motivo para isso é o potencial de conexão e a agilidade de processos que a capital paulista oferece. Segundo ele, esses são princípios fundamentais para seu trabalho com economia circular. Hoje, a GreenPlat tem operações no Brasil, Estados Unidos, Colômbia e Turquia. 

“Sempre brinco que o lixo tem pernas. Você deixa sua sacola na calçada no fim do dia e ela não está mais lá no dia seguinte. Para algum lugar ela foi, e não se sabe para onde. O impacto da geração de resíduos de uma cidade como São Paulo transborda para outros municípios. Não existe aterro sanitário na capital e praticamente nenhuma recicladora. É preciso ter consciência sobre as consequências do nosso consumo.”

Chicko fez parte do escopo técnico para a criação da resolução das sacolas plásticas de supermercados de São Paulo. Para quem não as conhece, essa foi uma determinação feita pela prefeitura da cidade em 2015. “Anteriormente, não havia um padrão para as sacolas de supermercado e farmácias. Elas podiam ser de qualquer tamanho e material. Nosso trabalho foi de estabelecer regras para o seu reúso – agora elas cabem perfeitamente nos cestos de lixo: as menores nos de pia e as maiores nos de piso – e destinação final, sendo feitas de material renovável.” 

Além disso, elas são produzidas com o fator educativo. As verdes são feitas para destinar produtos recicláveis e as cinzas, material orgânico. O profissional comemora o efeito de seu trabalho, pois São Paulo reduziu o consumo de sacolas plásticas em 70% desde sua criação. Este dado não considera as novas sacolas como “plásticas”, mas sim como “bioplástico”, por conta da sua composição biodegradável. 

Em um contexto global, o profissional observa que a pandemia confirmou uma importante perspectiva sobre o tema. “Naquelas três primeiras semanas, entre março e abril de 2020, quando tudo parou, pudemos perceber muito rápido imagens de regeneração do ambiente natural. Só que, infelizmente, vimos que inúmeras economias entrariam em colapso, porque dependemos do consumo. Foi aí que virou a chave de que nosso impacto é grande demais e a demanda por acelerar um tipo de consumo mais sustentável cresceu, até com a agenda ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa). Houve uma corrida regulatória, principalmente na Europa, para orientar o uso e reuso, e reduzir o impacto. Já está muito claro que isso é possível”, finaliza Chicko.

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