As 15 startups brasileiras que participam do Startout Brasil, ciclo Lisboa, permanecem na capital portuguesa até o fim desta semana e aproveitam as agendas para estreitar laços com fornecedores e especialistas locais. Os encontros têm a finalidade de oferecer conhecimentos específicos sobre o mercado local, como regras para contratação, faixas salariais de profissionais essenciais para o desenvolvimento das empresas na chegada a Portugal, leis trabalhistas e experiência de outras startups já estabelecidas no mercado português.

Na manhã de terça-feira (13), os empresários brasileiros conheceram a história do início do ecossistema português de inovação e empreendedorismo, em uma visita à Startup Lisboa, que em apenas seis anos teve seu modelo multiplicado de forma a estabelecer no país uma rede de 135 incubadoras e aceleradoras que conta com 135 instituições. A Startup Lisboa nasceu em 2012, por meio do orçamento participativo da cidade (uma iniciativa inspirada em uma experiência brasileira implantada em Porto Alegre), lembrou Marta Miralde, chefe de Programas de Gastronomia (novidade na Startup Lisboa). Situado na Baixa, a Startup Lisboa serviu de estímulo para a recuperação da região turística em Lisboa.

A estimativa é que até fevereiro de 2019 mais de 350 startups tenham sido atendidas. A cada 90 dias um comitê se reúne para avaliar novas propostas (são recebidas, em média, 100 a cada três meses, das quais uma média de cinco são selecionadas para integrar o programa de incubação).

A delegação também teve oportunidade de conversar com o Diretor-executivo da Startup Lisboa. Rui Coelho revelou que, quando da criação da entidade, o Brasil surgiu logo como primeiro país de interesse. “Fizemos diversas viagens ao Brasil na época, firmamos parcerias e sempre temos empresas brasileiras aqui. Temos orgulho de sermos uma entidade portuguesa aberta a empreendedores de todo o mundo. Aqui tem espaço para todos, desde que tenham bons projetos”, afirmou o executivo. Ele lembrou que após apenas três anos de funcionamento da Startup Lisboa, em 2015, a capital portuguesa foi considerada pela União Europeia como a cidade mais empreendedora da região.

Já na tarde de terça-feira (13), os empresários brasileiros visitaram a filial da gigante internacional de RH Michael Page, onde tiveram contato com os costumes e relações de trabalho no mercado português. Itens como tempo de contrato, tipos de contratação, faixa salarial de funcionários-chave para o início da operação em Portugal, regras para desligamentos de pessoas e impostos a pagar fizeram parte das conversas, que geraram grande interesse por parte dos empresários brasileiros.

“Para nós o maior ganho tem sido os contatos diretos com especialistas de mercado, como os de recursos humanos. Para nós, quanto mais experiência profissional e empresarial dentro do programa, melhor”, afirmou Patrícia Araújo, da Sizebay. Segundo ela, um dos grandes aprendizados extraídos da primeira participação de sua empresa no Startout Brasil é a importância da cultura internacional para as empresas.

“Visitamos empresas com pessoas de 16 nacionalidades diferentes, isso não existe no Brasil de hoje, talvez um ou dois casos, mas não é comum. Essa é uma cultura muito rica, que fortalece a empresa, acrescenta perspectiva. Meu desafio é fazer a Sizebay respirar esse ambiente globalizado, não apenas com pessoas, mas na própria cultura interna da empresa”, afirmou.